A IstoÉ publicou, nesta sexta-feira, que a delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) também revelaria um esquema de corrupção nas obras da usina de Belo Monte. Segundo a revista, existiria um "triunvirato" formado pelos ex-ministros Erenice Guerra, Antonio Palocci e Silas Rondeau, que teria movimentado R$ 25 bilhões e desviado pelo menos R$ 45 milhões dos cofres públicos para as campanhas eleitorais do PT e do PMDB em 2010 e 2014.
Conforme a IstoÉ, os relatos de Delcídio apontariam que a operação era complexa e contínua e que começou a ser organizada no leilão para a escolha do consórcio que tocaria as obras, em 2010, seguindo até o início do ano passado, quando a Operação Lava-Jato já estava em curso. O projeto da Usina de Belo Monte, analisa a publicação, era tido como obra prioritária do governo e carro-chefe do PAC.
"A atuação do triunvirato formado por Silas Rondeau (ex-ministro de Minas e Energia), Erenice Guerra (ex-ministra da Casa Civil) e Antonio Palocci (ex-ministro da Fazenda) foi fundamental para se chegar ao desenho corporativo e empresarial definitivo do projeto Belo Monte. Antonio Palocci e Erenice Guerra, especialmente, foram fundamentais nessa definição", teria afirmado Delcídio aos procuradores da Lava-Jato.
Segundo a revista, o senador teria afirmado que as obras civis consumiram cerca de R$ 19 bilhões e a compra de equipamentos chegou a R$ 4,5 bilhões e ressaltou que, em todas as etapas do processo, houve superfaturamento. Entre os procuradores que já tomaram conhecimento da delação, diz a IstoÉ, há a convicção de que Erenice era a principal operadora do triunvirato, uma vez que antes de assumir o cargo na Casa Civil trabalhou, ao lado de Dilma, no Ministério de Minas e Energia, responsável pelas obras da usina.
A operação do esquema, teria dito Delcídio, começou três dias antes da data marcada para o leilão que escolheria o consórcio. O grupo das maiores empresas de engenharia desistiu. "Em algumas horas foi constituído um novo grupo de empresas que venceu o leilão, tendo sido a única proposta apresentada", teria afirmado o senador. Entre elas estão a Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Contern, JMalucelli, Gaia Engenharia, Cetenco, Mendes Jr Trading Engenharia e Serveng-Civilsan.
"Alguns meses depois da realização do certame, várias empresas que não bidaran (não participaram no leilão) Belo Monte tornaram-se sócias do empreendimento e contrataram como prestadoras de serviço as empresas do consórcio vencedor", teria relatado Delcídio.
De acordo com a IstoÉ, o ex-líder do governo no Senado teria afirmado aos procuradores da Lava-Jato que durante as campanhas eleitorais aumentava o valor das propinas e que para isso as empresas recorriam a "claims", instrumento usado para readequar valores de contratos.
Segundo a IstoÉ, a propina de Belo Monte teria servido como contribuição decisiva para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014. O principal agente negociador do Consórcio de Belo Monte foi o empreiteiro Flávio Barra, da Andrade Gutierrez.
Ainda conforme a publicação, os números da propina giravam na casa dos R$ 30 milhões, destinados às campanhas eleitorais. Delcídio do Amaral, diz a revista, acredita que os números finais da propina sejam superiores, pois durante a campanha, teria sido feito um acordo com relação a "claims" de cerca de R$ 1,5 bilhão, apresentadas pelo consórcio. Seria uma das condições exigidas para aumentar a contribuição eleitoral das empresas.
Mesmo citando Erenice Guerra, Antônio Palocci e Silas Rondeau, não há contrapontos na edição digital da reportagem da IstoÉ.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, o ex-tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, negou as afirmações de Delcídio do Amaral ao tomar conhecimento das acusações, afirmando que se trata de "uma mentira escandalosa".
De acordo com Edinho, as "doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014 estão todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, bem como os fornecedores. As contas da campanha foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE".
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