Rio de Janeiro - Cinco anos depois de Ana Carolina Ferreira Netto registrar uma ocorrência policial por lesão corporal contra o então marido, Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, vizinhos da dentista denunciaram que ela e a filha do casal, uma adolescente, sofriam “violências, humilhações, insultos e ofensas” por parte do vereador do Rio. Uma ligação para a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), em junho de 2019, dava conta de que moradores do condomínio onde os três viviam, na Barra da Tijuca, ouviam xingamentos e barulhos de objetos sendo quebrados no apartamento da família. O político é investigado no inquérito que apura a morte de seu enteado, Henry Borel, de 4 anos, levado já sem vida a um hospital particular no último dia 8.
A denúncia do ano passado foi encaminhada para a Ouvidoria do Ministério Público do Estado do Rio, que a remeteu à 1ª Central de Inquéritos. O órgão, por sua vez, acionou o Conselho Tutelar da Barra. De acordo com um documento assinado pela conselheira Elizabeth do Nascimento Silva Soares no dia 22 de agosto, foi feita uma visita à residência da família. Ela relatou que a ex-mulher de Jairinho a recebeu e negou a veracidade dos relatos feitos por vizinhos.
Apesar disso, Ana Carolina foi notificada e, dias depois, compareceu à sede do Conselho Tutelar levando a filha, que tinha 13 anos à época. A jovem garantiu que o relacionamento dos pais era “normal” e que, às vezes, eles chegavam a discutir, mas, se assim não fizessem, não seriam um “casal normal”. A adolescente também negou que tenha presenciado a mãe sofrer “algum tipo de violência”.
Em 3 de janeiro de 2014, Ana Carolina havia ido até a 16ª DP (Barra da Tijuca) comunicar que Jairinho “sempre foi violento”, tendo sido agredida diversas vezes por ele. A dentista o acusou de tentar enforcá-la.
Na ocasião, a dentista disse a policiais que o companheiro, com quem teve um relacionamento de 15 anos e dois filhos, estava ainda “mais violento”.
A dentista afirmou ainda que, no dia 29 do mês anterior, presenciou o vereador conversando com uma outra mulher no telefone, o que a fez desistir de uma viagem em família. Segundo o relato de Ana Carolina, o então companheiro teria tentado convencê-la do contrário durante todo dia e, por volta das 22h, deu início a um “ataque de fúria”, arrastando-a até a cozinha, onde foi ofendida e chutada “por várias vezes, com muita força”.
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Dias depois do registro, Ana Carolina voltou à delegacia e disse que não gostaria de fazer uma representação criminal contra Jairinho. Procurado ontem por telefone pelo EXTRA, o advogado André França Barreto, que representa o parlamentar, não foi localizado para comentar o assunto.
Esta semana, a Polícia Civil espera concluir o trabalho de recuperação de mensagens que foram apagadas de um celular de Jairinho após a morte de Henry. O aparelho foi apreendido.
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