A luta contra violência à mulher completou 40 anos. Um movimento organizado por mulheres em 1980, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, em protesto contra o aumento do número de casos de violência contra a mulher, destinou o dia 10 de outubro como o Dia da Luta Nacional contra a violência à Mulher. E infelizmente, mesmo após 40 anos de luta, o que se tem observado é o aumento do número de casos de violência doméstica contra a mulher diante do cenário mundial de pandemia de Covid-19.
A medida mais eficaz contra a disseminação do novo coronavírus é o isolamento social. Entretanto, essa medida tem provocado impactos negativos na vida de mulheres que já eram vítimas de violência domésticas. O isolamento social tem exacerbado os conflitos familiares e obrigado mulheres à permanecerem em convivência com seus agressores no seu lar, por um período mais prolongado. O número de casos de feminicídio também apresentou aumento em diversos estados do Brasil e no mundo, quando comparado com o mesmo período do ano de 2019.
Violência contra a mulher
Apesar do aumento do número de casos, os dados mostram redução no número de denúncias, seja por receio da mulher em denunciar, diante da proximidade do agressor, ou por medo de descumprir as medidas de isolamento social.
Esses dados, que demostraram redução das denúncias, preocuparam autoridades de diversos países, e medidas foram tomadas para facilitar a realização de denúncias e proteger as mulheres de episódios de violências. Em países como Itália, Espanha e França, o governo destinou quartos de hotéis para servirem de abrigo temporário para mulheres vítimas de violência, permitindo que estejam seguras e isoladas. Alguns aplicativos foram adaptados para realizarem denúncias, inclusive o whatsapp.
No Brasil, o aplicativo “Direitos Humanos Brasil” foi lançado para que as denúncias de violência de qualquer natureza sejam realizadas de forma online, além do Disque 100 e Disque 180, que continuam a funcionar normalmente no período de pandemia.
Fato é que, os profissionais de saúde, sobretudo os que atuam nas unidades de atenção básica, em muitos casos, são o único suporte para essas mulheres. O profissional precisa estar atento e sensível aos sinais que a mulher pode apresentar, como medo, ansiedade, ferimentos incompatíveis com a história, dificuldade em se comunicar, falta de autonomia nas questões da saúde sexual e reprodutiva.
Ação da enfermagem
Nesse contexto, o enfermeiro, bem como toda a equipe de saúde deve estar alerta e ser capacitada para identificar situações em que mulheres estejam vulneráveis às situações de violência e atuar da melhor maneira. É importante ter uma escuta sensível e valorizar o que está sendo contato, sem culpabilizá-la, nem tampouco realizar julgamentos.
O ambiente deve garantir a privacidade dessa mulher e acolhê-la. A atuação multidisciplinar é importante nesses casos, e a atuação dos agentes comunitários são imprescindíveis, pois conhecem melhor as famílias e suas dinâmicas.
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